sexta-feira, 10 de abril de 2009

FACULDADE DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E TECNOLOGIA
FATEC - RO

PEDAGOGIA
PSICOPEDAGOGIA
PROF.ª JOELMA
CHALINA SANTANA DA SILVA NOBRE

RESENHA: FENÔMENO PEDAGÓGICO

SILVA, Maria Cecília Almeida. Psicopedagogia: em busca de uma fundamentação teórica – Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1998.

Esta é uma obra que resultou de um trabalho da autora para defender seu mestrado no programa de Pós-Graduação em Educação da PUC-RIO, que centrou-se na busca de fundamentação teórica da psicopedagogia que precisava de uma definição para tal.
A procura abordou vários aspectos como análise da evolução da prática psicopedagógica que destaca o objeto da psicopedagogia que são as dificuldades de aprendizagem sendo nessa perspectiva a psicologia e pedagogia vista como elementos justapostos e sendo assim a psicologia apenas estimuladora, normativa e reguladora da vida intelectual.
Isso muda, os sintomas passam a ser relativos então a psicopedagogia muda de objeto considerando agora a gênese da aprendizagem assim seu objeto passa a ser o processo de aprendizagem e seu objetivo, remediar ou refazer esse processo em todos os aspectos com essa característica, entendo que dessa forma fica mais voltada para o individuo contribuindo para o desenvolvimento da sociedade.
Quando a psicopedagogia considera a aprendizagem como processo, podemos então identificá-la com o processo de construção do conhecimento porque ambos rompem a ligação ensino-aprendizagem. Essa relação que a autora traz é aprofundar sobre essa identificação que acredita a psicopedagogia como processo de construção do conhecimento e como objeto o ser cognoscente, sendo esse ser determinado por várias dimensões, relacional, contextual e interpessoal. Portanto a ação do ser cognoscente sobre o objeto é o ponto de partida para a construção do conhecimento, mas este não ocorre sem a estruturação do vivido através das operações que o prolongam no sujeito.
É importante ressaltar que pode haver conflito entre essas dimensões que venham bloquear a autonomia do ser cognoscente, havendo ainda uma heteronomia que no nível individual chama-se racionalização e no nível da ação coletiva denomina-se ideologia, contudo mesmo com todas essas contrariedades há um núcleo organizador.
As diferentes dimensões do ser cognoscente entram em conflitos e se complementam numa ação que organiza e modifica o meio que como conseqüência gera a construção de conhecimento e, por seu caráter estruturante e totalizador, a construção do próprio sujeito cognoscente, que possui um núcleo organizador que chamamos o eu cognoscente. Constituído basicamente por processos psíquicos secundários, funciona regido pelo principio da realidade que percebe se pode fazer algo ou não.
A autora ressalta a linguagem como necessária para a construção do eu cognoscente começa insignificante no estágio sensório-motor, transformando-se no decorrer da psicogênese em um fator estratégico no atingimento do período operatório, onde contribui para uma maior flexibilidade, facilitando a generalização do pensamento. Segundo a autora pensamento e linguagem, num estágio avançado da psicogênese, se integram cada vez mais, fundindo-se finalmente.
Paralelamente ao desenvolvimento da linguagem, acontecem movimentos simultâneos que caracterizam as vias do desenvolvimento gradativo do eu cognoscente em direção à sua autonomia.
Com referência nas teorias de estágio do desenvolvimento da libido em Freud, os objetos parciais e o objeto total de M. Klein, o processo de individuação de Mahler, o pensamento paratáxico e sintáxico de Sullivan,o diagrama epigenético de Erikson e a gênese do desenvolvimento genético de Piaget, podemos considerar sete movimentos simultâneos: desorganização-integração; indiferenciação-diferenciação; simbiose-individuação; dissociação-síntese; realismo-representação; centralização-descentralização; percepção-operação.
Esses movimentos simultâneos não são lineares, posto que inseridos na articulação entre as diferentes dimensões do ser cognoscente. Essa construção da autonomia tem, como correlata, a capacidade de síntese criadora e transformadora.
Tendo em vista todas as discussões neste estudo, a psicopedagogia é um campo do conhecimento que tem por objeto o ser cognoscente e por objetivo fundamental facilitar a construção da individuação e da autonomia do eu cognoscente identificando e clarificando os obstáculos que impedem que esta construção se faça.
Dentro desta definição, os obstáculos à construção do eu cognoscente aparecem sob a forma de sintoma, ou seja, de um sinal que pode ser entendido como o problema. Assim, não existiriam obstáculos lógicos ou desiderativos ou relacionais, mas uma desarticulação no confronto e na interação entre as diferentes dimensões. Essa forma de articulação entre as dimensões poderia ser uma má articulação, que levaria a uma fala organização do eu cognoscente. Esta falsa organização seria uma defesa do eu cognoscente, seria uma recombinação portanto em defesa do ego, preservando sua organização, mas podendo criar o sintoma.
Podemos perceber que os mecanismos do ego e do eu cognoscente são diferentes mas ambos são equilibrantes e protetores, podem ocasionar a paralisação da ação do eu cognoscente, na medida em que preenchendo as lacunas impedem a busca de novas associações. Portanto, as defesas se tornam sintomas.
Este estudo serviu como um ponto de partida para o complemento da procura de fundamentação teórica para a psicopedagogia, que conclui-se tem por objetivo, facilitar a construção do eu cognoscente, situa no sujeito a indagação psicopedagógica, mudando o enfoque em relação à definição preliminar que, tendo como objetivo facilitar o processo de construção do conhecimento, situa sua indagação no processo. Essa mudança de enfoque implica algumas considerações.
Contudo essas considerações servem como uma iniciação a psicopedagogia com idéias criativas e originais e uma linguagem correta e clara utiliza recurso explicativo como gráfico para melhor interpretação da obra recomendada para profissionais da educação e pesquisadores do assunto.

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