terça-feira, 11 de novembro de 2008

Anexos do projeto da voz

Doenças relacionadas à voz
Este capítulo é dirigido aos profissionais da voz, entre eles os meus ex-colegas Professores da UFRRJ. É um resumo do trabalho "A Voz do Professor: relações entre trabalho, saúde e qualidade de vida" (de Regina Z. Penteado, Isabel M.Teixeira e Bicudo Pereira - Rev. Bras.de Saúde Ocupacional, 1995/96, vol.25, p.109-129) e também um apanhado de artigos encontrados na Internet.
Além dos Professores, outros profissionais da voz são:
Médicos e Agentes de Saúde, Assistentes Sociais, Extensionistas, Pastores (da alma), Cantores, Atores, Políticos, Leiloeiros, Locutores, Peão ponteiro de "comitiva" e todos aqueles que fazem o uso profissional da voz.

A voz é o instrumento de trabalho de aproximadamente 25% da população economicamente ativa, que dela depende todos os dias para alcançar o sucesso em suas ocupações. Por outro lado, o Brasil é o segundo país do mundo em incidência de câncer da laringe. Esta doença é evitável, pois está associada ao vício de fumar em aproximadamente 95% dos casos. É um câncer de fácil diagnóstico e altamente curável na fase inicial, quando se expressa apenas por uma rouquidão. Mas lembre-se:
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Rouquidão persistente (que dura mais de dez dias), deixa de ser uma simples infecção, precisa de tratamento médico e é considerada um dos 7 sinais de alerta de Câncer, segundo a União Internacional contra o Câncer - UICC
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As relações entre trabalho e saúde foram abordadas mais claramente a partir da Encíclica Pacem in Terris, em 1963, pelo Papa João XXIII, que pregava o direito às condições adequadas de trabalho que não fossem lesivas para a saúde.
No Brasil, a 2a. Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, realizada em Brasília em 1994, ao criar comissões de saúde do trabalhador, determinou que estas deveriam "não só evitar acidentes, mas também garantir a saúde do trabalhador".
A VOZ E A SAÚDE
A voz é o som básico produzido pela laringe, por meio da vibração das cordas (tecnicamente chamada de pregas) vocais. A voz expressa as condições individuais (físicas ou emocionais) e, se o indivíduo não estiver em condições saudáveis, a voz deixará transparecer algum problema, ocasionando qualidade vocal disfônica, que pode vir a comprometer a fala e a comunicação.
Estudo realizado em 1989 por M. Calas mostrou que 96% dos Professores entrevistados sofriam de fadiga vocal, 86% tinham lesões (frequentemente nódulos) e 85% usavam técnica vocal falha.

Sala com muitos alunos (como a da foto) exige do professor esforço extra da laringe, podendo causar disfonias.
Dados de 1995 relativos a licenças de saúde para professores, mostram que as doenças do aparelho respiratório se destacam como a maior causa de afastamento: "entre as doenças do aparelho respiratório estão as referentes à laringe e faringe, órgãos estes responsáveis também pela fala, principal instrumento de trabalho do professor".
Thomé de Souza, em 1997, estudando Professores da Secretaria Municipal de Ensino de São Paulo, constatou que a maior parte não sabia avaliar se suas vozes necessitavam de cuidados, embora 75% apresentassem "irritação na garganta", 62% relatassem rouquidão e cansaço ao falar, 47% pigarro e 37% já tivessem "perdido a voz".
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A voz do Professor é vulnerável ao tempo e ao uso inadequado, sem cuidados especiais, devendo ser tratada como voz profissional. As condições de sua rotina de vida e trabalho, apresentam situações estressantes e fatores de risco para a sua saúde vocal e geral.
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O QUE É BOM PARA A SUA SAÚDE VOCAL
1. Beber 7 a 8 copos de água por dia
2. Procurar atendimento especializado se usar a voz na profissão
3. Pastilhas, sprays ou medicamentos, só indicados por Médicos
4. Evitar automedicação e soluções caseiras (gengibre, romã, etc.)
5. Repouso da voz, após cada "apresentação" pública
6. Usar roupas leves e evitar refrigerantes, gorduras e condimentos
7. Realizar exercícios regulares de relaxamento, avaliações auditivas e fonoaudiológicas periódicas
8. Manter a melhor postura da cabeça e do corpo durante a aula, a fala ou o canto.
O QUE É MAU PARA A SUA SAÚDE VOCAL
1. Fumo, álcool, drogas e poluição
2. Tossir, gritar muito ou pigarrear
3. Cantar ou gritar quando gripado
4. Falar em locais barulhentos (Olha o professor aí, gente...)
5. Mudanças bruscas de temperatura
6. Ambientes com muita poeira, mofo, cheiros fortes, especialmente se você for alérgico.




Lista consensual inicial de conceitos e evidências cientifícas reconhecidas na área de voz falada e cantada

O que é voz.
Sob o ponto de vista fisiológico, a voz humana pode ser definida como sono produzido pela passagem do ar pelas pregas vocais e modificado nas cavidades de ressonância e estruturas articulatórias.
Sobre voz normal.
Não existe uma definição aceitável de voz normal, por falta de padrões ou limites definidos, e, portanto, o conceito mais correto é a voz adaptada, ou seja, em que a pessoa ou trabalhador demonstra estabilidade e resistência ao uso especifico, laborativo e/ou social, que habitualmente faz da voz.
Conceito de voz falada.
É a voz utilizada na comunicação oral, e fornece ou transparece informações físicas e culturais do individuo.
Conceito de voz cantada.
É uma forma de comunicação oral, utilizada no canto e traduz características especificas relacionadas a modificações fisiológicas, acústicas e musicais.
Voz profissional.
É definida como a forma de comunicação oral utilizada por pessoas que dela dependem para sua atividade ocupacional.
Conceito de disfonia. Graus de intensidade e limitação vocal.
É o principal sintoma de distúrbio da comunicação oral, no qual a voz produzida, apresenta dificuldades ou limitações em cumprir seu papel básico de transmissão da mensagem verbal e emocional do individuo. Uma disfonia representa toda e qualquer dificuldade ou alteração na emissão natural da voz. Portanto, toda disfonia é uma limitação vocal, podendo ser classificada em um dos quatro graus de intensidade:
Grau leve – disfonia eventual ou quase imperceptível.
Grau moderado – percebida continuamente, a voz é audível com oscilações e o trabalhador apresenta fadiga e tem necessidade de interrupções em suas atividades ocupacionais.
Grau intenso – disfonia constante, a voz torna-se pouco audível e o trabalhador não consegue desempenhar suas atividades.

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